CÍRIO DE NAZARÉ / 2018
- Marta Gaino
- 15 de out. de 2018
- 2 min de leitura
É uma das maiores festas religiosas do mundo! Patrimônio Imaterial da Humanidade
Durante toda a semana acontecem várias procissões pela cidade, a pé, de moto e a de barcos que traz a imagem de Nossa Senhora, da cidade de Ananindeua até Belém. A pequena imagem chegou num barco da marinha, escoltado por centenas de barcos apinhados de gente, e foi emocionante vê-la se aproximar pelo horizonte, parecia que uma cidade vinha se deslocando até que pudemos ver a festa que os barcos faziam ao seu redor. Na orla o povo aguardava a chegada da santa, que foi conduzida pela procissão das motos até a Catedral da Sé.
Desde cedo estávamos aguardando a procissão de barcos chegar, e eu como marinheira de primeira viagem, estava no gradil para tentar fazer minhas fotos. Acontece que quando a procissão surgiu no horizonte, o povo começou a se aglomerar onde estávamos e ao final quase fui jogada no rio porque o povo enlouquece e parece que querem tocar na santa, mesmo ela estando longe e inacessível, tudo se transforma nesse momento, todos se perdem na adoração pelo Círio.
No dia seguinte, domingo, aconteceu a principal procissão que leva a imagem da Catedral da Sé até a Basílica Santuário de Nazaré, e é ai que você se arrepia dos pés à cabeça, porque o que acontece é indescritível, inimaginável, imensurável, e me faltam palavras para descrever toda a realidade que vivi, presenciei e registrei em minha câmera. Por fontes oficiais a estimativa foi de 2 milhões de pessoas, atravessando as ruas estreitas da cidade conduzindo a imagem de 30 cm, dentro de seu altar sobre o andor.
Fervor, adoração, superação e uma massa de gente, doída, sofrida, crente, tudo misturado em situações e flagrantes de amor, alegria e dor, diferente de tudo o que você já viu na vida, afirmo com certeza. Estávamos posicionados numa arquibancada no meio do trajeto da procissão. A princípio como turistas e observadores, mas ao longo do dia, nos unimos com os romeiros na fé, na oração, na admiração e suporte emocional para aqueles que estavam na rua e nas cordas sublimados na fé.
Existem vários personagens dentro dessa procissão, ao romeiros propriamente ditos, eu seguem o andor rezando e cantando, escolas, fanfarras,sozinhos ou em grupos de pessoas que participam da festa como em um desfile com muita alegria e cantando fervorosamente, e os promesseiros, que vão pagar promessas agradecendo caminhando de joelhos ou carregando pequenas casas na cabeça, ou qualquer outro objeto que represente a graça alcançada, livros pela formatura, peças de cera ou gesso representando curas alcançadas, uma miríade de pessoas em êxtase .
Ao lado dos promesseiros que seguem de joelhos, existem pessoas acompanhando ao lado, que também fazem promessas para ajudar na caminhada, distribuindo água, ajudando os promesseiros trocando o papelão do chão, abanando, dando água e suporte emocional e o que mais precisarem para conseguirem terminar sua jornada até cumprirem todo o trajeto. Muitos precisarem parar e não aguentam até o fim pois perdem todas as forças pelo caminho, e são carregados até conseguirem chegar a uma ambulância em alguma saída da avenida. É surreal!
Quem fica na arquibancada ajuda rezando e cantando, se transportando para o meio da multidão sem mesmo mover os pés, mas apenas sendo carregados pelos olhos e pelo coração. É uma experiência para a vida toda!
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