Jardins do céu
- Marta Gaino
- 25 de mar. de 2009
- 1 min de leitura
Sonhei que eu morri e fui para o céu.
Mas era um céu de jardins, com todos os tipos de flores conhecidas neste mundo e mais uma infinidade de outras que nunca vimos por aqui.
Multicolorido e perfumado, num cenário completo de paz infinita e segurança onde eu sabia que estava protegida mesmo estando a sós.
Foi aí que me dei conta de que estava só, apenas eu naquele maravilhoso universo de flores e comecei a pensar em quem seria o jardineiro…
A racionalizar, imaginado o trabalho e dedicação que era preciso para que todas aquelas plantas ficassem tão lindas e viçosas, perfumadas e vibrantes.
Na minha pequenez, fiquei com ciúmes achando que seu amor e cuidado não conseguiria atender a todas, e eu, como era recém chegada, ficaria por último sem sua atenção. Passei a noite chorando pensando nessa solidão e abandono.
Ao amanhecer me surpreendi com as primeiras gotinhas de água, com a limpeza de minhas folhas, com um toque quente em minhas pétalas e senti suas mãos cuidando de mim, antes de qualquer outra, justamente por eu ser e estar me sentindo tão só.
Quando abri meus olhos vi, por entre as cores de meu novo corpo, que ele não era meu jardineiro exclusivo, mas que conseguia alcançar a todas nós ao mesmo tempo. Ele sabia o que cada uma queria e a quantidade exata de amor que precisava distribuir em cada gotinha de água que aspergia de sua boca.
Acordei e percebi que trago esse jardim em meu coração. Apenas esqueço, às vezes, de olhar por entre minhas pétalas e fico procurando pelo jardineiro que desejo seja só meu.
Comentarios