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Jardins do céu

Sonhei que eu morri e fui para o céu.

Mas era um céu de jardins, com todos os tipos de flores conhecidas neste mundo e mais uma infinidade de outras que nunca vimos por aqui.

Multicolorido e perfumado, num cenário completo de paz infinita e segurança onde eu sabia que estava protegida mesmo estando a sós.

Foi aí que me dei conta de que estava só, apenas eu naquele maravilhoso universo de flores e comecei a pensar em quem seria o jardineiro…

A racionalizar, imaginado o trabalho e dedicação que era preciso para que todas aquelas plantas ficassem tão lindas e viçosas, perfumadas e vibrantes.

Na minha pequenez, fiquei com ciúmes achando que seu amor e cuidado não conseguiria atender a todas, e eu, como era recém chegada, ficaria por último sem sua atenção. Passei a noite chorando pensando nessa solidão e abandono.

Ao amanhecer me surpreendi com as primeiras gotinhas de água, com a limpeza de minhas folhas, com um toque quente em minhas pétalas e senti suas mãos cuidando de mim, antes de qualquer outra, justamente por eu ser e estar me sentindo tão só.

Quando abri meus olhos vi, por entre as cores de meu novo corpo, que ele não era meu jardineiro exclusivo, mas que conseguia alcançar a todas nós ao mesmo tempo. Ele sabia o que cada uma queria e a quantidade exata de amor que precisava distribuir em cada gotinha de água que aspergia de sua boca.

Acordei e percebi que trago esse jardim em meu coração. Apenas esqueço, às vezes, de olhar por entre minhas pétalas e fico procurando pelo jardineiro que desejo seja só meu.

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