Picolé de fogo
- Marta Gaino
- 31 de jul. de 2009
- 1 min de leitura
Meus pés são feitos de gelo
Para dar sustentação ao corpo
Que vibra e pende para frente
Confiando nos joelhos que não dobram
Minhas pernas são feitas de gelo
Para segurarem o corpo
Que precisa saber onde está plantado
Tentando adivinhar onde as pernas o levarão
Meu ventre é feito de gelo
Onde estão guardados nas entranhas
Todos os sentimentos engolidos em seco
Por anos a fio a embrulhar o estomago
Meu peito derrete pelas emoções contidas
Num turbilhão efervescente de coisas mal resolvidas
Por desejos inacabados e sonhos mal sonhados
Querendo apenas ser ouvido e acarinhado
Minha cabeça anda em chamas
Com a mente em polvorosa
Enrolada nos braços que nascem e caem a todo instante
Com os olhos flamejantes e faísca pelas ventas
Numa energia que me consome e se renova de si mesma
Numa troca que me esgota e não me leva a caminho nenhum
Empurrando-me sem rumo pelo que chamo de vida
Dividida em duas, do gelo às chamas,
Que me traduzem por inteiro
Para aqueles que não têm medo de arriscar ficar perto
E se aquecerem com o sangue quente que corre em minhas veias
Ou se deliciarem com o frescor matutino que cobre ¾ de mim.
Marta

Comments